25.5.04

Uma notícia boa

Bactéria da boca bloqueia ação do HIV em laboratório

Globo Online

NOVA ORLEANS, EUA - Em uma descoberta que pode abrir uma via inteiramente nova de prevenção do HIV, cientistas americanos anunciaram nesta terça-feira a descoberta de que algumas bactérias da boca podem bloquear o vírus da Aids e até as células que ele infecta.

O achado, que os pesquisadores julgam especialmente promissor para se diminuir o risco de transmissão do vírus da mãe para o bebê através da amamentação, foi apresentado na 104ª Reunião Geral da Sociedade Americana de Microbiologia, em Nova Orleans, nos EUA.

A equipe da Faculdade de Odontologia da Universidade de Illinois em Chicago descobriu duas cepas de lactobacilos capazes de aderir a um açúcar presente na superfície do vírus e bloquear a infecção. As bactérias também são capazes de aderir a células de defesa que o HIV ataca. A constatação foi feita por enquanto apenas em testes de laboratório, não em pesquisas com animais ou pessoas.

Os lactobacilos são encontrados naturalmente na boca e usam a capacidade de aderir a este açúcar para se firmar nas mucosas bucal e intestinal e formar colônias.

"A descoberta abre um meio possível de prevenir a transmissão do HIV de mãe para filho através da amamentação", disse, em um comunicado, o pesquisador Lin Tao, que chefiou a pesquisa.

Estima-se que 800 mil crianças contraiam o HIV por ano através do leite materno.

Os pesquisadores vasculharam centenas de lactobacilos tirados da saliva de voluntários saudáveis atrás daqueles capazes de produzir proteínas que aderissem à manose - um tipo particular de açúcar que já na superfície do HIV. A presença da manose engana as defesas humanas. Seis deles demonstraram essa capacidade. Diante dos vírus vivos, porém, apenas duas linhagens aderiam aos receptores de glicoproteína do HIV, chamados GP120, compostos de filamentos de proteína e capas ricas em manose.

"As duas cepas aderiram a muitas variedades de HIV, ao vírus da imunodeficiência símia e a células do sistema imunológico que são alvo do HIV, que também são cobertas de manose. Análises posteriores mostraram que as bactérias inibiram a infecção de células imunológicas em laboratório", relatou Tao

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