12.2.06

Processo contra a sociedade

Pe. Virgílio, ssp


É inútil negarmos: estamos sempre de prontidão para, escandalizados, rasgar as nossas vestes perante a violência das leis antigas, que enxotavam o hanseniano para fora da convivência social. Ao mesmo tempo, porém, deveríamos ficar envergonhados da maneira pela qual tratamos os "diversos" de hoje.

Estamos falando da grande massa dos excluídos, tais como: as vítimas das drogas e da aids, as pessoas com deficiência física e mental, as crianças de rua, os velhos abandonados, as prostitutas, os presidiários e os ex-presidiários, rotulados de perigosos...

Proibido tocar neles! Proibido deixá-los circular pelas praças públicas ou ruas dos bairros chiques! Proibido solidarizar-se ou negociar com eles...

A sociedade moderna, com sua permissividade, primeiro cria a maior parte desses "diversos", depois os renega, os afasta e os marginaliza. Esta sociedade não pode esquecer que é "mãe natural" de todos eles e que, à medida que os desampara, merece ser processada. Processada pelo próprio Cristo.

Cristo, porém, não vem apenas contestar e processar a sociedade, vem também despertar a consciência dos excluídos, a fim de que deixem de se considerar legitimamente excluídos e para que fiquem sabendo que Deus mora sempre no meio deles.

Por amor aos "diversos", várias vezes Jesus violou as leis da época. Pagou caro por isso, sendo tratado como um deles: excluído da sinagoga, obrigado a nascer e a morrer "fora da cidade". Poucos acreditam que, sob a aparência de um "diverso" fracassado, se escondia o próprio Filho de Deus que continua se escondendo também nos excluídos de hoje.

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