24.12.06

Eragon nos devolve o sonho




Por Luiz Carlos Merten – Agência Estado

São Paulo – Christopher Paolini virou um fenômeno editorial, se não exatamente literário, graças a sua trilogia da herança, que ele iniciou com apenas 17 anos, assumidamente influenciado por J.R.R Tolkien, o autor de O Senhor dos Anéis. O primeiro volume foi publicado de forma independente pela própria família do escritor. Mas, em 2003, quando Paolini completou 19 anos – está com 22 -, a Alfred A. Knof publicou a edição de capa dura atendendo a uma demanda, do próprio publico, que havia transformado a brochura do livro infantil mais vendido na lista do The New York Times.

A partir daí, era questão de tempo até que Hollywood se interesse pela história de Eragon, o jovem que herói que dá nome ao primeiro livro. Eragon, o filme, desembarca amanhã nas telas brasileiras, como presente de natal da empresa produtora e distribuidora Fox. A expectativa é de um grande sucesso de público.

Em entrevista por telefone de Los Angeles, há cerca de um mês, o diretor Stefen Fangmeier apostava no sucesso de Eragon. “A história é muito bonita e possui múltiplos significados, para adultos e crianças. Cada um poderá desfrutar à sua maneira a saga de Eragon e de sua ligação com Safira”.Eragon, interpretado pelo estreante Ed Speelers, é este herói juvenil que, numa época de trevas, passa a ser escolhido para liderar a resistência ao rei Galbatorix. Logo no começo, uma voz conta às circunstâncias da história – houve um tempo em que dragões e cavaleiros formavam uma só coisa, lutando por ordem e justiça, mas um desses cavaleiros traiu os amigos e iniciou uma guerra que extinguiu todos os dragões. Todos?

A voz é de Jeremy Irons, que faz Brom, que descobrimos depois ter sido um cavaleiro destituído de seu dragão. É ele quem introduz Eragon neste mundo mítico, com seu relato. Ainda nesta abertura, há uma feroz perseguição dos espectros a serviço de Galbatorix, que caçam a garota (Arya), que fugiu com aquela estranha pedra azul.

Stefen Fangmeier é cria de George Lucas, na industria Light and Magic, a empresa responsável pela revolução dos efeitos especiais em Hollywood. Fangmeier come a ILM com O Exterminador do Futuro 2, foi supervisor de efeitos especiais em Jurassic Park e se estabeleceu como um dos mais hábeis técnicos do cinema americano, com títulos como Pequenos Guerreiros, O Resgate do soldado Ryan, Mar em Fúria e O mestre dos mares. Há tempos que ele sonhava ser diretor. Seu desejo veio ao encontro do produtor John Davis, da Davis Entertainment, que havia comprado os direitos de Eragon e buscava um diretor para o projeto.

“Trabalho com efeitos visuais há bastante tempo e cansei de ouvir que os jovens só se interessam pela imagem e por jogos de computadores. Christopher (Paolini) é a prova de que o interesse dos jovens pela palavra não está esgotado. Ele criou um universo fascinante que trabalha temas clássicos como amor, coragem, lealdade, amizade. Misturou elementos de Tolkien com outros de Matrix, porque a figura do escolhido é recorrente nas sagas, tanto as de tempos imemoriais, como a de Tolkien, quanto as futuristas, tipo a de Matrix.

Até por sua experiência como diretor de efeitos especiais, Fangmeier não tinha dúvida de que poderia levar a cabo o projeto ambicioso de contar a história de Eragon. “Eragon é o primeiro filem a realmente mostrar a experiência de voar num dragão”, diz o diretor. Fangmeier fez todo o tipo de teste para chegar ao que queria. A cavalgada do dragão assemelha-se ao vôo de um caça a jato, com idêntica emoção e surpresa. Mas, para ele, o recheio da história é outro. É a sega do amor, amizade e devoção.

O produtor também foi reunindo um elenco de grandes nomes que o deixava tranqüilo – Jeremy Irons, John Malkovich, Robert Carlyle. Só uma coisa o preocupava e era o interprete de Eragon. “Sabia que o filme dependeria muito de termos o ator certo para o papel. Fizemos testes em todo o mundo. Quando conheci Ed (Speelers), não duvidei mais. Embora não tivesse experiência de atuar, fui seduzido por sua energia. Tinha encontrado o meu Eragon, o meu escolhido. A partir daí, tudo foi mais fácil”.

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