18.9.07

Poesia do cotidiano

Por Júlio Cavalcanti

"Só a partie deste ano conseguimos realmente começar a viver de quadrinhos," revela Fábio Moon, que junto com seu irmão gêmeo Gabriel Bá participa a partir deste domingo do 9º Festival de Humos e Quadrinhos de Pernambuco (FIHQ - PE). Premiados e publicados no Brasil e nos Estados Unidos tanto em grande editoras quanto em produções independentes, eles são um exemplode sucesso entre os quadrinistas brasileiros, mas ainda precisam suas bastante para poder trabalhar apenas com o que gostam.

Questão de mercado à parte, a obra dos gêmeos fala por si. Com traços versáteis, que funcionam em diversos tipos de histórias, e cheios de energia, com uma explosiva sensação de movimento, eles conseguiram espaço em grandes editoras norte - americanas, como a Dark Horse e a Image Comics, mas no Brasil já impressionaram nos álbuns e fanzines da série 10 pãezinhos . Em 2007, publicaram uma adaptação do conto O Alienista, de Machado de Assis. "Quem lê nossas histórias não imagina o trabalho que dá", conta Moon em entrevista por telefone ao Diário.

Eles já desenharam de tudo, desde robôs e caubóis até monstros mutantes e homens engravatados com cabeça de girassol, mas, segundo Fábio, querem mesmo é retratar a poesia do cotidiano. "A gente gosta de desenhar as pessoas, o dia a dia, os amigos, os namoros, as ressacas. A gente gosta é de contar histórias".

Muita gente vê a obra dos gêmeos como uma coisa só, mas eles possuem diferenças de estilo pessoal e fazem muitos trabalhos separadamente, principalmente quando recebem convites do exterior para desenhar álbuns e séries de roteiristas estrangeiros. Em suas imagens há uma identidade geral, que fica situada entre o casrtunesco mais elástico e a linguagem dos quadrinhos de suore - heróis, com detalhismo sem cair no realismo frio e escessivo. Mas cada um tem a sua técnica: "Meus traços são mais finos e certinhos, até porque prefiro usar caneta. O Gabriel, que trabalha com pincel, faz desenhos mais grossos e soltos".

"A gente ganha mais dinheiro fazendo desenhos separados, mas prefirimos trabalhar juntos. Apesar de gostarmos mais de quadrinhos, já fizemos muita publicidade e ilustrações editoriais para nos sustentar. Só agora isso está mudando". constata o artista.

Quando trabalham com editoras norte - americanas, na maioria das vezes, eles enviam os desenhos em preto e branco, pois as cores e a finalização fica nas mãos de profissionais especializados. Moon confessa, no entanto, que nunca fica satisfeito com o resultado final desse processo de co-autoria imposta. "As cores são parte da história. Elas são essenciais para se criar o movimento visual", argumenta.

A única vez que eles gostram do colirido feito por outro artista aconteceu jstamente essa semana, quando está sendo lançado nos EUA o primeiro volume da série The Umbrella academy , com desenhos de Gabriel Bá e roteiro de Gerard Way, cantor da banda My Chemical Romance.

No FIHQ há uma exposição da dupla, que fica em cartaz a partir de hoje na Torre Malakofm. Eles vão passar a semana inteira no Recife., pois também são professores de uma oficina chamada de Contadior de Histórias, não de piadas. Os dois ainda fazem palestra, nesta segunda - feira, às 19h. "A gente gosta do pacote completo", explica Moon, que não se contetaria em apenas desenhar ou só escrever, pois prefere trabalhar com as duas coisas ao mesmo tempo.

O Festival está aberto de 16 de setembro a 07 de outubro de 2007 na Torre Malakoff, Bairro do Recife.

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