17.10.11

Amigos de estimação

Para cada família, um bichinho ideal. Prepare-se para escolher o seu!Por Daniela Pessoa • 01/11/2007


Pequenos, grandes, sapecas ou preguiçosos, os animais de estimação são mesmo uma graça! Eles chegam como quem não quer nada e logo vão conquistando espaço em casa e nos nossos corações. Não há quem não se derreta pelo seu bichinho, que acaba se tornando definitivamente um novo membro da família (e xodó da casa)! Mimos para cá, risos e diversão para lá - tudo de bom. No entanto, não se iluda, ter um deles traz muita alegria, mas também dá trabalho, porque, assim como nós, exigem uma série de cuidados. Portanto, antes de se deixar levar pelo carisma de um animalzinho ou ceder aos apelos empolgados dos filhos, do marido ou seja lá quem for, fique por dentro de como escolher o animal de estimação certo para você e conheça as transformações que um bichinho vai trazer em casa e no dia-a-dia de toda a família.

Para você e seu pet serem felizes, o primeiro passo antes de levá-lo para casa é se fazer algumas perguntas. Se passar no teste, vá correndo até a feira, canil ou pet shop mais próximo e compre ou adote o seu animal de estimação!



Para alguém criar um bichinho é preciso ter consciência de que ele não é um brinquedo com que você brinca e depois guarda ou esquece. É uma criatura viva, que tem sentimentos, mesmo que diferente dos nossos

O que você quer?


"Ter em mente o que você espera do seu bichinho é muito importante antes de adquiri-lo, porque às vezes o temperamento dele não condiz com o que você espera. Para brincar com as crianças, por exemplo, a melhor opção são os cachorros mais elétricos e dóceis, como boxer, labrador e fox paulistinha. Os vira-latas também são ótimos, super espertinhos!", recomenda a veterinária Fernanda Firmino, professora da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília. "Os hamsters são ótimos, mas não recomendo para crianças, porque têm atividade noturna, ou seja, dormem durante o dia e acordam apenas durante a noite, quando elas já estão na cama", explica a veterinária Mirela Tinucci, professora da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista.


Para os adultos, Fernanda Firmino aconselha os cachorros mais quietos, como o Shi-tsu. "Os gatos também são animais geniais, apesar de existir certo preconceito - diga-se de passagem injusto - em relação a eles. Os bichanos são ideais para quem quase não pára em casa. Eles dormem mais ou menos 18 horas por dia, ou seja, não incomodam ninguém, não têm cheiro e amam de paixão o dono, mas são animais independentes, o que faz com que se virem muito bem sozinhos", explica Mirela Tinucci.


A publicitária Fernanda Saboya ama sua gatinha July, que se adequa perfeitamente ao estilo de vida da dona. "Não gosto de animais carentes. Minha gata é ótima justamente porque é independente e, como eu, não gosta muito de grude", confessa a publicitária. "Quando chego em casa, sempre vou atrás de onde ela estiver deitada pra fazer um carinho. Antes de dormir também. É um conforto saber que vou chegar em casa e encontrá-la. Tenho a July desde criança, então sempre que eu ficava triste, ia ficar com ela. Mas, se fico muito tempo perto, ela se levanta e vai embora", diverte-se. Já Mariana Medeiros, publicitária, preferiu um cachorro. "Os gatos são como inquilinos, não fazem parte da família de verdade. E acho que pássaros e peixes são mais enfeites do que bichinhos de estimação. O cachorro é único que se apega de verdade ao dono, que interage", pondera.


Tem tempo e paciência para se dedicar?


Seja qual for o seu animal de estimação, ele precisa de dedicação e responsabilidade. "Às vezes você passa por uma pet shop e acha os bichos lindos, mas reflita se você tem realmente paciência para o dia-a-dia com o animal. Não se deixe levar pela carinha fofa e lembre-se que ele não vai ser filhote para sempre, que vai estar sob a sua responsabilidade por um bom tempo, por uma vida. Por isso, é muito importante a família inteira estar de acordo com essa decisão", enfatiza a veterinária Mirela Tinucci.


"Tem que ter o que a gente chama de posse responsável. A partir do momento em que você leva o animal para casa, você é totalmente responsável por ele, devendo prover as condições básicas de saúde e alimentação. Não se esqueça que é uma vida!", frisa a veterinária Fernanda Firmino. E não pense que hamsters, peixes, coelhos ou passarinhos precisam de menos atenção. "Todos os animais respondem a carinho e têm total empatia com o dono. Todos eles precisam de cuidados e paciência", afirma Mirela. Sem contar que é preciso ter tempo e disposição para limpar cocô, dar comida, água, levar para passear, dar banho, levar periodicamente ao veterinário e por aí vai.


A universitária Regina Rathunde que o diga! "Antes de ter um, é preciso realmente pensar se você vai ter tempo suficiente para se dedicar a ele, se você será capaz de torná-lo parte da sua vida. Eu, por exemplo, já deixei de ir a festas, reuniões e perdi noites de sono porque meu cachorro estava doente. Algumas vezes, confesso que é cansativo chegar em casa e ainda ter que levar o William para passear, mas sempre procuro lembrar que ele ficou o dia inteiro só esperando que eu voltasse", conta Regina, que também acorda mais cedo para garantir ao seu cão dois passeios por dia. Mas, segundo ela, é preciso se acostumar com o fato de que o dono acaba ficando um pouco preso. "Muitos locais como hotéis e pousadas não aceitam animais. Ou o dono o deixa num canil, ou deixa de viajar", diz.


Juliana Forli, jornalista, dona de um bulldog francês chamado Tacuba, nunca passou por esse aperto, mas já se informou sobre um hotel para cães. "É aqui perto de casa e parece bacana. Você pode ver o seu cachorrinho por câmeras na Internet, sendo que ele dorme num quarto e não numa gaiola. Custa R$ 30,00 a diária", anima-se a jornalista, que também é super zelosa para garantir o conforto do seu cãozinho. "Eu trabalho a maior parte do tempo em casa, então acordo, vou direto soltar o Tacuba pela casa (ele dorme preso numa varanda) e limpar o espaço dele (trocar jornal, passar pano no chão. Isso eu faço umas três ou quatro vezes por dia). Também tem que trocar a água sempre, para ficar fresca", enumera Juliana, que morre de saudade do cãozinho quando precisa sair de casa. "Não fico mais o dia todo fora. Dou um jeito de passar em casa, ficar com ele e sair de novo. Coisa de mãe!", derrete-se a jornalista.


O designer Fábio Pacheco, marido da Juliana e "pai" do Tacuba, assina embaixo de tantos cuidados. "Para alguém criar um bichinho é preciso ter consciência de que ele não é um brinquedo com que você brinca e depois guarda ou esquece. É uma criatura viva, que tem sentimentos, mesmo que diferente dos nossos. Sente-se triste, feliz, deprimido, sofre e ama", acredita Fábio.


Mas, segundo a analista de sistemas Gabriela Paiva, o maior trabalho é quando o animal ainda é filhote. "Minha cadela Lilica comia muita coisa, incluindo batons (principalmente manteiga de cacau), subia na mesa para comer a comida enquanto ninguém estava olhando, entre outras coisas", conta. De fato, é preciso muita paciência para ensinar os limites ao seu animal filhote. E, se você não se anima para isso, pode até recorrer ao adestramento por um profissional. Sai mais caro, é claro, mas o trabalho é zero.


A universitária Regina Rathunde, porém, preferiu cuidar de tudo sozinha. "No início, o William destruiu muitas coisas. Toalhas e tapetes eram os preferidos. Fez xixi em calças jeans, mas, em compensação, jamais acabou com um chinelo", ri Regina. "Com paciência e muito amor, ele acabou aprendendo a se comportar", garante. A Chiquinha, cadelinha da publicitária Mariana Medeiros, também chegou em casa fazendo o maior vendaval. "Ela destruía tudo! Eu tirava o tênis, ela corria para pegar a meia e só devolvia depois de muito rasgada. Comeu cintos do meu pai, fios de telefone, ouviu muito sermão, mas depois cresceu. Agora, dá trabalho ter que lembrar as datas das vacinas, levar ao veterinário, levar para passear várias vezes ao dia. Mas é um trabalho bom de ter", garante Mariana.

Tem espaço?


Este é outro fator muito importante na hora de escolher seu animal de estimação. "Se você mora numa casa com quintal, pode ter, por exemplo, um cachorro grande. Mas, se mora em apartamento, é melhor optar pelos cães ou outros animais de pequeno porte", explica a veterinária Mirela Tinucci. "Se você não quiser um animal que suba no sofá ou na cama, pode escolher ter algum que viva em gaiolas, mas mesmo assim é bom disponibilizar um espaço onde você possa soltar seu passarinho ou hamster, por exemplo, pelo menos de vez em quando", aconselha a veterinária. É o que faz a jornalista Ana Elisa Vianna, que às vezes deixa seu papagaio solto, passeando pelo apartamento. "Ele vai em todos os cômodos, anda para lá e para cá . O cachorro morre de medo dele!", diverte-se ela. "Quando nós viajamos para Teresópolis ou Araras, levamos o papagaio para ficar brincando nas árvores", conta orgulhosa.


Mas, quando soltar seu bichinho pela casa, seja gato, cachorro, periquito, papagaio ou hamster, lembre-se de tomar cuidado com ralos, tomadas, objetos que possam machucá-los no meio do caminho, plantas venenosas etc. Uma vez, o cocker spaniel Bolo da jornalista Ana Elisa mastigou uma pilha que encontrou pelo caminho e acabou ficando com úlcera. "Quando era filhote, também já caiu dentro da piscina", lembra, agoniada. Já viu, né? Todo o cuidado é pouco! "A casa tem que estar preparada para receber o animal", afirma Juliana Forli, a dona do Tacuba. "Na primeira semana aqui, ele teve uma baita alergia depois de uma faxina. Tive que parar de usar todos os produtos de limpeza na casa. Agora, só água sanitária diluída na água. Depois de estragar um sapato meu, comer a quina da mesa de centro, um porta-copo, vários pregadores de roupas e o fio do telefone, o pior de todos, tivemos que mudar de lugar!", lembra Juliana.



Só que é preciso estabelecer algumas regras. O animal deve ficar apenas no quintal. Em apartamentos, ele não pode ter acesso de jeito nenhum ao quarto de quem é alérgico

Na casa de Regina Rathunde, "mãe" do William, a limpeza também tem seus detalhes. O sofá tem capa protetora e a casa é aspirada todos os dias. "Passamos pano com água, sem produtos que possam causar alergias", destaca. O mesmo acontece na casa de Mariana Medeiros. "Depois que a Chiquinha cresceu, não usamos mais nenhum tipo de proteção para os móveis. A única coisa que fazemos é usar produtos de limpeza que não causam alergias ou qualquer dano ao bichinho", conta. Mas, segundo Ana Elisa Vianna, depois de dois meses com o bicho você se acostuma com o fato de que a sua casa nunca mais vai ser tão limpa. "Tudo que a gente pega tem o pêlo preto do Bolo grudado", ri.


E condições financeiras?


A gente gasta no supermercado, no shopping, no lazer, no médico e com o animal de estimação não é diferente. Eles também têm gastos fixos. Um cão, por exemplo, pode chegar a custar, segundo a veterinária Mirela Tinucci, R$ 250,00 por mês, incluindo alimentação, saúde, higiene e supérfluos, como brinquedos. Para Regina Rathunde, essa é a "desvantagem". "Temos altos gastos com ração, vacinas, medicamentos e pequenos 'mimos'. Em média, gastamos cerca de 120,00 reais mensais com o William", calcula. A jornalista Juliana Forli e o marido Fábio Pacheco também têm tudo na ponta do lápis. Com ração, lá se vão R$ 120,00 por mês. Para comprar o remédio contra pulga, carrapato, sarna e outros parasitas, é preciso desembolsar R$ 45,00. Na pet shop, o banho sai por R$ 18,00. "Mas damos banho em casa mesmo. A não ser quando ele está precisando de uma faxina geral", conta Juliana. "É no começo que se tem mais gastos", frisa.


Saúde x animal


Segundo o alergologista Clóvis Galvão, da Associação Brasileira de Alergologia, é preciso pensar também na alergia antes de trazer um animal para casa, já que ele pode sensibilizar as pessoas alérgicas. Segundo o médico, a maioria dos brasileiros tem alergia à poeira domiciliar que, entre outros, se constitui por pêlos de animais. Entretanto, não é só isso! "Os animais têm algumas substâncias não só no pêlo, mas também na saliva, na urina e na pele que são muito leves, se desprendem e ficam dispersas pelo ambiente", afirma Clóvis. "Minha mãe se estressa muito com a quantidade de pêlos pela casa, mas com certeza é uma pessoa mais feliz hoje. Todos aqui em casa são alérgicos, mas convivemos bem com isso, porque toda a felicidade que o William nos traz compensa!", avalia Regina. "Meu pai também é muito alérgico. Às vezes, quando fica mais ‘atacado', tem que sair de casa até acalmar um pouco, mas isso não o impede de ficar perto da Chiquinha", garante Mariana Medeiros.


No entanto, Clóvis Galvão não recomenda a presença de animais de estimação em casas de pessoas alérgicas. "Para quem já tem, tudo bem, porque se a gente pedir que mandem o bichinho embora, some a alergia, mas chegam os problemas psicológicos", diz. "Só que é preciso estabelecer algumas regras. O animal deve ficar apenas no quintal. Em apartamentos, ele não pode ter acesso de jeito nenhum ao quarto de quem é alérgico", alerta o médico. Ele recomenda, ainda, que o pet tome banho semanalmente e que a casa, principalmente o canto do bichinho, seja limpa de forma muito rígida, inclusive com antisséptico.


Vale a pena!


"Os animais de estimação são uma companhia impagável! Sem contar que renovam a alma das pessoas. Eles têm um efeito terapêutico e ajudam seus donos, inclusive, a superar a depressão. Para as crianças, são uma forma de educar divertindo. Os animais de estimação afloram, nelas, o senso de responsabilidade e ajudam - e muito! - no desenvolvimento cognitivo", afirma a veterinária Fernanda Firmino. Além disso, ensinam os pequenos a lidarem com os ciclos da vida (do nascimento à morte) e a respeitar os limites. Rendem, também, uma porção de assuntos com os coleguinhas na escola. "É comprovado, além disso, que ter um animalzinho de estimação melhora a auto-estima e dá mais disposição", completa a veterinária Mirela Tinucci.


Ou seja, os pets contribuem para a saúde física, mental e emocional dos donos. Sem contar o amor gratuito e incondicional que têm por quem os acolhem. "Para o seu bichinho, você está sempre certa, está sempre bonita", brinca a veterinária Fernanda Firmino. "Lá em casa, o William só teve a acrescentar!", confirma a universitária Regina Rathunde. "Nada melhor do que um sorriso amigo depois de um dia estressante ou do que uma lambida molhada quando se está triste. Um animal também nos deixa muito sociáveis! Ele é sempre uma "desculpa" para falar com os outros na rua, fazer novos amigos, conhecer novas pessoas", garante Regina.


"A Chiquinha é tratada como filha, com certeza! Dorme sempre na cama com os meus pais. No fim de cada refeição, ganha um bifinho e meu pai dá sorvete escondido (apesar de todo mundo saber)", diverte-se a publicitária Mariana Medeiros. "É muito bom chegar em casa, não importa com que humor, e ser recebida com festa. A Chiquinha sempre dá carinho, mesmo nos momentos em que todo mundo está estressado, o que até neutraliza as brigas!", conta Mariana. E completa. "Acho que com um animal de estimação as pessoas passam a mostrar mais carinho umas pelas outras. O tempo de brincar com a Chiquinha nos une. Com certeza, desde que ela chegou lá em casa, as discussões diminuíram e ficaram mais curtas também. Sem falar que meu irmão se mostrou bastante responsável. Ele criou até uma rotina para levá-la na rua".


A analista de sistemas Gabriela Paiva é outra que não consegue se imaginar sem a sua fiel escudeira, a cadelinha Lilica. "Ela faz parte da família, dorme no quarto comigo. É muito alegre, está sempre abanando o rabo! Quando tem alguém triste em casa, ela se deita do lado e fica lambendo, parece que percebe e fica tentando alegrar. E é mesmo só alegria!", derrete-se Gabriela.

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